Metropolitano de Lisboa: mitos e realidades sobre o prolongamento da linha Vermelha

Vitor Domingues dos Santos

Sobre o prolongamento da linha Vermelha a Alcântara e a futura estação Campo de Ourique, o Metro de Lisboa partilha um artigo do Presidente do Metropolitano de Lisboa, Vitor Domingues dos Santos, em que é clarificada a solução adotada para a localização da futura estação de Campo de Ourique, bem como a intervenção que o Metro de Lisboa irá realizar no Jardim da Parada.

Metropolitano de Lisboa: mitos e realidades sobre o prolongamento da linha Vermelha

No momento em que a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) atribuiu parecer positivo ao projeto – com condicionantes que o Metropolitano de Lisboa vai e não pode deixar de cumprir – têm vindo a público informações erróneas sobre o prolongamento da linha Vermelha a Alcântara, com particular destaque para os aspetos que estão na base da opção técnica de localização da estação Campo de Ourique. É, pois, fundamental promover o devido esclarecimento para que não subsistam dúvidas acerca da importância e relevância deste projeto para a melhoria da mobilidade em Lisboa.

Sobre a ocupação do Jardim da Parada, o Metropolitano reafirma o que já disse publicamente: o Jardim manterá as suas atuais características, continuando a ter um papel fundamental como ponto de encontro e de lazer para a população.

Na fase de execução de obra, e por questões de segurança, o espaço infantil existente, será relocalizado e as áreas de estaleiro a ocupar serão restringidas ao máximo. Será construído um único poço de ataque no espaço onde hoje pontua um edifício para apoio. Quando a estação abrir ao público, dois elevadores serão apenas as únicas estruturas emergentes, ficando localizados no espaço atualmente ocupado pelo edifício atrás referido.

Em relação ao abate de árvores, importa ser claro e não alimentar inverdades. Não serão abatidas espécies protegidas ou centenárias. Na fase de obra, está previsto apenas o transplante de 6 lódãos que serão afetados pela construção do único poço de ataque e pela implantação do estaleiro. Tratam-se de espécies que não se encontram classificadas. Será ainda montada uma zona de proteção de 20 metros de raio dos três exemplares arbóreos classificados existentes e o acompanhamento do seu estado fitossanitário. Na fase pós obra, está prevista a replantação de 4 exemplares no local afetado pelo estaleiro.

Se dúvidas puderem subsistir relativamente à afetação das árvores pela obra, recomenda-se o parecer do Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas na consulta pública, disponível no sítio da APA: “Tendo em conta a profundidade a que será executado o túnel e a localização dos acessos à estação Campo de Ourique, não se afigura que venha a haver afetação direta”.

São inúmeros os exemplos de estações, tuneis ou utilização de zonas de estaleiro que foram implantadas em jardins ou praças públicas ao longo dos 64 anos de exploração do Metropolitano: a estação Jardim Zoológico, construída a céu aberto e que obrigou a intervenções dentro do Jardim Zoológico, designadamente o esvaziamento do lago, as estações da Av. da Liberdade, Praça dos Restauradores, Rossio e Praça do Comércio, Avenidas Novas, Jardim das Camélias (troço Quinta das Conchas ao Lumiar), Largo da República da Turquia (estação Lumiar), Avenida Duque d’Ávila e Jardim Arco Cego (estação Saldanha), Alameda da Encarnação, entre outras. Todos os locais foram repostos em condições ainda mais atrativas e otimizadas.

Relativamente aos acessos pedonais à futura estação, reafirma-se que os mesmos se encontram previstos fora do perímetro do Jardim localizando-se, respetivamente, na Ruas Francisco Metrass e Almeida e Sousa.

A implantação no espaço urbano das estruturas emergentes definitivas da estação, bem como o dimensionamento e localização das áreas de estaleiro, na fase provisória de obra, foram criteriosamente estudadas e definidas em amplo diálogo e coordenação com a Câmara Municipal de Lisboa, visando respeitar a memória e garantir as caraterísticas e funcionalidades atuais do Jardim da Parada. Dos factos atualizados deu o Metropolitano a devida explicação ao longo da sessão pública de esclarecimento promovida pela Junta de Freguesia de Campo de Ourique e a Câmara Municipal de Lisboa sobre esta estação e sobre as demais estações previstas no âmbito do prolongamento da linha Vermelha a Alcântara.

Um projeto destas características envolve complexidade, estudo e ponderação de variáveis técnicas e de segurança. A ponderação exaustiva destes fatores, analisadas todas as localizações possíveis na freguesia, levou a que se concluísse que a localização mais adequada para a estação Campo de Ourique será sob o Jardim da Parada, a uma profundidade de cerca de 35 metros.

A solução adotada servirá o máximo de pessoas causando o menor impacto e constrangimentos possíveis noutros locais da freguesia, marcada por uma malha urbana apertada, com uma única faixa de circulação por via e com pouco estacionamento, bem como evitar a proximidade do túnel aos edifícios existentes, na fase de construção.

O prolongamento da linha Vermelha é um projeto complexo, que exige uma visão global e abrangente, oferecendo a melhor solução de mobilidade aos lisboetas. A localização de cada uma das quatro estações previstas não resulta de uma análise casuística mas de uma ampla e exigente ponderação para a adoção de uma solução equilibrada, assente em estudos técnicos e na consulta de diversas entidades da especialidade de reconhecido mérito e competência.

Depois da linha Circular, o futuro do Metropolitano passa pelo prolongamento da linha Vermelha a Alcântara. Previsto no PRR, conta com um investimento de 304 milhões de euros e afigura-se essencial para o novo paradigma da mobilidade sustentável e da descarbonização.

 

Vitor Domingues dos Santos

Presidente do Conselho de Administração do Metropolitano de Lisboa