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Arte
Jardim Zoológico
Estação Avenida: no dia 22 de abril, o átrio norte vai estar encerrado a partir das 21h até ao final do serviço, devido a trabalhos de reabilitação.

Jardim Zoológico

O elemento base do padrão criado por Maria Keil para o revestimento desta estação é constituído por um único motivo, um azulejo cujo desenho compreende uma barra a servir de moldura e um setor circular inscrito no seu interior. A moldura apresenta tons de amarelo, verde claro e azul claro consoante os casos e os setores circulares são sempre castanhos. O padrão é obtido com a alternância das cores e dos setores ao longo de cada fiada, de onde em onde este ritmo é interrompido por um elemento vertical, formado por grupos de quatro azulejos iguais ostentando uma barra castanha vertical sobre fundo amarelo, azul ou verde.

Em 1995, a estação foi totalmente remodelada e ampliada, com projeto arquitetónico do Arq.º Benoliel de Carvalho, e intervenção plástica da autoria de Mestre Júlio Resende. Nesta obra foi mantido o átrio das bilheteiras, com o respetivo revestimento azulejar de Maria Keil. A remodelação da estação implicou um prolongamento das plataformas, e a construção de um novo átrio com ligação (interface) com a CP, no seguimento da política de correspondência e intermodalidade entre os diversos meios de transporte.

A Júlio Resende foi dada a incumbência de dar vida a todo este enorme espaço e a proximidade do Jardim Zoológico proporcionou-lhe a inspiração para descobrir a orientação temática a seguir: a natureza, a fauna e a flora tropicais. O seu percurso artístico tinha, desde as suas viagens ao Brasil, vindo a evoluir no sentido de deixar vogar a sua inspiração artística no apelo à Terra e à Natureza. O convite do Metropolitano foi assim ao encontro das suas tendências mais recentes.

Para realizar esta tarefa Resende escolheu a Fábrica de Cerâmica Viúva Lamego onde esteve dois anos a pintar pela sua própria mão toda esta enorme superfície. O resultado está à vista, por todas as paredes e chão da estação, um desfile ininterrupto de animais e plantas, como se tivessem sido “soltos” pela estação numa ambiência de floresta tropical. Conseguiu uma atmosfera alegre, clara, e exuberante. Para o chão escolheu a calçada à portuguesa, que aqui fugiu aos desenhos tradicionais, cobrindo-a com sinuosas cobras que orientam os caminhos, plantas e flores que” brotam” do chão.

Mestre Júlio Resende, na entrevista que deu a Maria João Fernandes, aquando da realização de uma sua exposição no Palácio Galveias em 1995, diz, comentando o seu trabalho para o Metropolitano “…Entendi que deveria utilizar aqueles extensos corredores como gestos enormes, quase informais, que conduzissem as pessoas…”, “…o lirismo e a poesia que obriga as pessoas a imaginar. Abre-se o campo das hipóteses, cada um vê o que quiser, um batráquio, uma ave, uma flor. Eventualmente vou irritar os cientistas ou vou incomodá-los, mas realmente estas imagens não são muito definidas em termos concretos, científicos…”

Encontramos assim, nesta estação do Jardim Zoológico, um imaginário tropical de emocionante beleza.

Arquitetura

Falcão e Cunha, 1959
Benoliel de Carvalho, 1995

Arte

Maria Keil, 1959
Júlio Resende, 1995