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Arte
Parque
Estação Terreiro do Paço: dia 24 de abril, às 22h30 será encerrado o acesso do Cais das Colunas e o acesso de ligação direta ao terminal fluvial, devido às comemorações do 25 de abril. Acessos reabertos às 06h30 do dia seguinte.
Estação Restauradores: 25 de abril, às 11h, será encerrado o acesso norte (Av. da Liberdade), devido à Corrida da Liberdade e às comemorações do 25 de abril. Acesso será reaberto no fim das celebrações.

Parque

A estação Parque é uma das onze estações pertencentes ao 1º escalão da construção da rede do Metropolitano de Lisboa, abriu ao público em 1959 quando da inauguração da rede. Em termos arquitetónicos e artísticos seguiu o programa então adotado para todas as estações desse escalão, o projeto arquitetónico é da autoria dos Arq.º Keil do Amaral e Arq.º Falcão e Cunha e o revestimento de azulejos da autoria da pintora Maria Keil.

Para esta estação Maria Keil criou uma composição baseada em triângulos nas cores, branco, verde, castanho e preto. O módulo base ocupa um ou dois azulejos originando assim, através de um efeito de escala, uma sensação de planos a profundidades diferentes.

Em 1994, no âmbito do Plano de Expansão da Rede, que decorrerá até 1999, a estação foi submetida a uma valorização estética. Tendo preservado todo o aspeto arquitetural original bem como o revestimento de azulejos, que se limitava ao átrio de entrada da estação, todo o restante espaço foi objeto de uma intervenção plástica de grande porte, em azulejos e esculturas, da autoria de Françoise Schein e Federica Matta.

Estas duas artistas de nacionalidade belga e francesa, respetivamente, são detentoras de larga experiência no campo do tratamento artístico de espaços públicos, tendo sido autoras de diversos trabalhos, entre os quais os realizados para as redes de Paris, Bruxelas e Haifa, seguindo um programa sugerido pela União Internacional de Transportes Públicos (UITP) que preconiza a inscrição em locais públicos da Declaração Universal dos Direitos do Homem, promulgada pelas Nações Unidas em 10 de dezembro de 1948. A estação Parque foi incluída neste programa, encontrando-se atualmente a sua nave totalmente revestida com os trinta artigos desta Declaração.

Por se tratar da estação da rede dedicada à Declaração Universal dos Direitos do Homem, decidiu a administração do Metropolitano de Lisboa associar-se, em 1995, à Homenagem Nacional a Aristides de Sousa Mendes, Cônsul de Portugal em Bordéus durante o período da 2ª Guerra Mundial, mandando instalar no átrio de entrada da estação um Memorial em sua honra. Esta obra, da autoria do escultor João Cutileiro, consiste numa coluna paralelipipédica em pedra-lioz bojardada contendo, no interior de uma abertura cilíndrica que a atravessa de lado a lado, uma medalha representando a silhueta de “um Homem Só” simbolizando a cruzada solitária da figura heroica que foi Aristides de Sousa Mendes.

A par do tema Direitos do Homem surge também a temática da Expansão e Descobrimentos portugueses, parecendo sugerir as autoras o confronto entre os temas e uma leitura de conjunto.

Françoise Schein escolheu o azul cobalto como cor dominante de todo o espaço a decorar, escolha essa influenciada pelo tom dos azulejos da Galeria dos Reis do Palácio Fronteira, que a impressionou de forma marcante aquando de uma sua visita a este local. Para a execução deste trabalho escolheu as fábricas de cerâmica Viúva Lamego e Rugo, onde os azulejos foram, respetivamente, pintados e serigrafados.

As galerias em que se desenvolvem os dois lanços de escadas rolantes foram revestidas com azulejos de um azul profundo, pontilhado por esculturas ao nível das abóbadas em alternância com frases de escritores, poetas, e filósofos, criando um efeito de surpreendente beleza que acompanha os passageiros nos seus percursos do dia a dia.

No tema da Expansão Portuguesa, tarefa em que foi apoiada por uma equipa de historiadores dos Descobrimentos, a autora alia a sua fomação científica, como cartógrafa, à sua faceta de artista plástica. No patamar de acesso às plataformas aparece-nos, em primeiro plano, um mapa-mundo com a indicação das rotas que os portugueses trilharam, delimitadas por retângulos numerados, que por sua vez vão surgindo ao longo das plataformas, seguindo uma lógica temático-cronológica.

Das costas de África e América, aos confins do Oriente, todos os passos da incrível epopeia de alargamento das fronteiras do mundo, as rotas geográficas, comerciais e culturais, as realidades científicas e humanas desse tempo, a escravatura, a construção naval, as religiões, a imensidão do desconhecido. Nas palavras da artista: “Crê-se ver a geografia, mas trata-se de uma cartografia das emoções “.

Para a compreeensão deste enorme manancial de informação, a autora dá-nos a chave da simbologia usada nas legendas dos mapas, que se encontram nos lanços de escadas que dão acesso aos cais, escrevendo: “Estas imagens são símbolos e representam ideias maiores que elas próprias “.

Françoise Schein teve acesso a documentação coeva dos Descobrimentos, à simbologia e iconografia usada na época, que vai utilizar nas legendas dos mapas. Por exemplo, o rinoceronte de Dürer, primeira representação deste animal conhecida na Europa, figuras retiradas de representações Nambam, etc. Ao longo do cais, encostadas às paredes da nave da estação e seguindo a sua curvatura, estão colocadas esculturas da autoria de Federica Matta com iconografia coeva dos Descobrimentos.

Este trabalho encontra-se imbuido de uma enorme riqueza de conteúdo simbólico, que permite aos utilizadores diários terem algo de interessante e enriquecedor para descobrir todas as vezes que passarem por esta estação. Uma atmosfera enigmática de fascinante beleza, ao dispor dos clientes do Metropolitano.

Arquitetura

Keil do Amaral , 1959
Sanchez Jorge, 1994

Arte

Maria Keil, 1959
Françoise Schein, 1994
Federica Matta, 1994
João Cutileiro, 1995