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Manuel Cargaleiro, mestre ceramista e pintor, o luminoso “pintor das cores”  faleceu a 30 de junho, com 97 anos.

Cargaleiro era um dos mais reconhecidos artistas portugueses do nosso tempo. Foi um fundamental renovador da azulejaria portuguesa e pintor de uma vitalidade contagiante. Natural da Beira Baixa, muda-se aos dois anos com a família para Monte da Caparica, Almada. É aí, numa olaria, que ainda na infância adquire o interesse pela cerâmica, determinante no seu percurso futuro enquanto pintor e ceramista. Atualmente e desde os seus 30 anos residia em Paris.

Cargaleiro deixou a sua assinatura em igrejas, jardins e diversos outros espaços nacionais e internacionais. No Metropolitano de Lisboa, realizou a intervenção artística da estação Colégio Militar (1988),  na Cidade Universitária ao transpor para azulejo o painel “Le Métro”,  um guache de Vieira da Silva datado de 1940 inicialmente denominado “Abrigo Anti-Aéreo” e que constitui o elemento central de toda a intervenção plástica desta estação (1988). Na estação Rato, inaugurada em 1997, Manuel Cargaleiro também transpôs para azulejo os painéis que se encontram nos tops da nave da estação que reproduzem “Ville en Extension”, uma obra de Vieira da Silva datada de 1970 e “Banquet”, um trabalho de Arpad Szènés realizado em 1948.  Ainda na estação Rato, Manuel Cargaleiro contribuiu, igualmente, com o revestimento de azulejos em baixo relevo de motivos geométricos (círculos, quadrados e losangos) em fundo beige nos lambris ao longo dos cais e no enquadramento dos painéis de Arpad Szènes e Vieira da Silva, o mesmo padrão de azulejos é também utilizado em fundo verde garrafa, nos átrios e galerias das escadas mecânicas.

Para o Cargaleiro, “… pintar é tão necessário como comer. Quando digo pintar, tanto pode ser gravar, pintar azulejo… Tudo.”

A Fundação Cargaleiro publicou uma mensagem nas redes sociais: “Hoje o céu ganhou ainda mais azul. Partiu o mestre! O mestre da cor, das Cidades, das flores. Quem é transcendente fica para sempre! Obrigado, mestre Manuel Cargaleiro, por acrescentar luz, cor e poesia aos nossos dias.”

As valiosas obras do Cargaleiro ficarão para sempre no Metropolitano de Lisboa.